segunda-feira, 29 de março de 2010

Pequenas Mudanças


Os contratos não vão mudar o que eu sou, os pequenos gestos, sim. Aqueles que eu observo em você, me sensibilizam e vão me transformando um pouquinho a cada dia. Não adianta impor que ninguém funciona desta forma. Se não houver um porque, um interesse egoísta qualquer, ninguém se priva de algo para obter outro, se no final, não tiver lucrando. De repente eu percebi que mudei, certamente estou lucrando com isso, mas não foi num dia, chegando a uma conclusão qualquer que eu decidi que era melhor mudar, foi dentro de mim e tão aos poucos que nem eu percebi. As conclusões não vieram num instante, elas vieram em vários momentos fragmentados. Gotinhas caíram aos poucos. Não foi por alguém ou por alguma coisa, foi por mim, pro meu benefício, porque eu desejei e eu quis, mesmo que não tenha sido voluntário. Não existem ações que nos façam mudar, existem fatos que nos fazem entender que a mudança é necessária.

Eu sinto saudade da época em que eu era criança e eu molhava o biscoito maisena no chocolate quente, comia mingau, brincava de bonecas, corria de bicicleta na rua, contava as pedrinhas nas calçadas, fazia comidinhas com as folhas das árvores, depois da época adolê, em que eu trocava cartas com as amigas e tinha a caligrafia bonita, colecionava fotos, desenhava, perdia quatro quilos numa semana pra ir na festa do colégio, assistia a filmes americanos numa reunião de amigos, colava papéis de balas nas agendas, enfim, muita coisa simples e gostosa que vivi, que sinto saudade da época, mas que não curtiria reviver mais do que um dia no máximo. Se eu fosse fazer qualquer uma destas coisas hoje em dia, em algumas horas ficaria satisfeita e realizada, elas coisas não precisam mais fazer parte dos meus hábitos, aliás, elas nem cabem. Mudanças forçadas, necessárias e sim, porque eu quis, eu tive interesse em mudar. Assim como mudamos porque “evoluímos” com o tempo nestes pequenos hábitos, mudamos também no tratamento com as pessoas. Aprendemos a não sorrir demais e nem chorar demais na frente de qualquer um. Será que já aprendi isso?
Tô sentindo um ar frio, que não condiz com a temperatura do ambiente. Existe um ar de insegurança, misturado com insatisfação e medo, todos os sentimentos em doses muito pequenas, que estão mudando alguma coisinha em mim, e desta vez, acho que consigo perceber.
Você possui uma certa habilidade para se expressar através das palavras em alguns momentos, mas não demonstra claramente o que quer no olhar, não que eu não decifre este olhar, mas é que você usa óculos, lentes e todo tipo de artifício para se defender. Acho que preciso mudar mais para decifrar além dos escudos. Será que um dia a gente muda a este ponto? Será que ainda serei uma pessoa legal depois de tanto mudar? Se fosse óbvio, pra que precisaríamos de tantas transformações? Não está claro e eu tenho que seguir até descobrir.

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