segunda-feira, 8 de março de 2010


Medo

A vida volta na segunda. Depois de um fim de semana de profunda reflexão, em que me reencontrei com o mar, reencontrei a família, que não era minha, a dele, a família de quem eu amo, de quem não imaginei que pudesse mais amar, mas amo mais a cada dia, eu já conhecia, mal conhecia, mas conheci de novo, em outra circunstância porque agora estamos juntos e isso era novo pra mim, pra eles, o que me deixou sem graça, sem informação, sem saber como agir. Devem ter me achado uma mulher muito chata, mas enfim, eu travei. Pensei na vida, em quem eu fui, em quem eu pensei que seria em quem eu realmente consegui me tornar, em quem eu sou hoje. Reflexões, família, saudade de quem se foi nesta data, 8 de março, dia internacional da mulher, dia que perdi quem eu não merecia perder. Ninguém merece perder um pai, ninguém! As vezes a vida não é justa, mas continuamos. No meio de tudo isso que vivo, penso como as coisas seriam diferentes se ele estivesse aqui comigo. Meus pensamentos estão distantes de todos que me cercam. Será que eu estou me distanciando de mim, das pessoas ou me conhecendo? Sei que na segunda-feira, primeiro dia útil, a gente não tem mais oportunidade de pensar tanto, a vida retoma de qualquer jeito, a gente querendo ou não, o cotidiano, a rotina, o trabalho, as obrigações, tudo faz com que eu pense que não posso mais “perder” tempo, e devo seguir. E isso é bom. Descobri meu grande amor e tenho um futuro de trabalho muito bom se eu seguir em frente. Então porque este sentimento de angustia dentro de mim? Porque quando finalmente encontro as respostas, eu fico com medo, pois tenho que seguir agora e não tenho chances de errar, é assim que me sinto. Agora que encontrei o caminho, a responsabilidade de seguir em frente e fazer com que tudo dê certo é grande demais. Parece que me mostraram o caminho e que se eu errar justamente agora, a culpa será apenas minha. Me deram os instrumentos e eu tenho obrigação de saber usa-los e de ser feliz com eles. Estranho, né? Tanta felicidade que me preocupa e não me deixa relaxar, ter o momento puro de felicidade, como eu estava tendo há alguns dias atrás, antes de parar pra pensar que eu encontrei tudo o que eu busquei. Mas e agora? Tenho medo, confesso, me sinto uma covarde, que acho que nem é uma palavra adequada, mas covarde por não confiar tanto em mim de repente. Já realizei coisas que surpreenderam a mim e aos outros, sinto que já fui mais forte. Agora não sei de onde vou tirar mais forças. Será que terei mais quando eu precisar? Tenho medo, não adianta, eu tenho, assumo. Medo de perder tudo que parece estar nas minhas mãos agora, mas que não é concreto. Nada é concreto. Como agir com tudo isso? A gente procura, encontra, e depois não sabe como agir. Eu sei que não posso deixar o medo me imobilizar, que devo seguir em frente. Já me sinto velha por ter passado tanta coisa, mas sei que não foi nem a metade, mas antes dos 30, sou uma sortuda, a vida está me mostrando os caminhos. Doeu perder tanta gente, aprendi caminhando sozinha, aprendi sendo feliz e perdendo outros homens e agora junto tudo isso, pego os instrumentos que tenho nas mãos e sigo com esse medinho que apavora, mas com a obrigação de fazer as coisas darem certo. A resposta é seguir em frente. E coragem não é uma opção, e sim a única alternativa.

Um comentário:

  1. Lindo texto, e confesso me reconheço um pouco. Tenho tanta história, tantas lutas e superações, mas quando sinto que posso dar um passo maior rumo aquilo que tanto desejo, meu corpo congela e sinto um frio na espinha que sufoca a alma. Acredito que se não pensarmos no foco e sim na beleza do trajeto, talvez as coisas acalmem...

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