terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um olhar durante o dia


Nunca havíamos trocado sequer telefones ou e-mails, mas nos encontramos, pelo menos umas dez vezes ao longo de dois anos. Ela me reconhecia toda vez que me via no saguão e gritava meu nome de longe. Naquelas noites em véspera de um fim de semana ou feriado, virava minha companhia por alguns minutos, ou dependendo, até durante horas, como na crise aérea por exemplo.

Foi interessante saber que a Fernanda tinha uma vida muito oposta, mas que vivia uma situação quase igual a minha. O namorado dela estava em São Paulo há dois anos e morava no mesmo bairro que o meu na época. Eles foram pra lá por causa de uma proposta melhor de emprego.

Essa semana peguei o avião duas vezes para fazer o mesmo trajeto, mas agora, comparando com a época em que conheci a Fernanda, percebo que minha viagem tem um intuito completamente diferente. 


Aos vinte e nove anos eu nunca tive medo , nem nunca me imaginei em um acidente de avião, mas acho que hoje estou medrosa, ou hoje em dia os pilotos estão mais confiantes e audaciosos, pois cheguei a me imaginar agora dentro de um avião submerso nas águas da Baía de Guanabara, quando ele fez a manobra na beirinha da pista. Pode ser que hoje em dia, após alguns medos concretizados, meus traumas tenham piorado. Nunca se sabe.

Agora vou parar de escrever para comer 18 gramas de batata “chips” sabor original, enquanto a moça ao lado pede água e tira um pote de albumina da bolsa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário